Existe um "algoritmo invisível" que dirige todas as decisões da empresa, moldando comportamentos e resultados sem que ninguém o perceba. Esse algoritmo, que é fruto da conformidade social, é caracterizado por ser intangível, abstrato e tácito. A nossa mente tende a ignorar o que não vê, baseando todas as decisões na disponibilidade de informação visível. Consequentemente, o que não é visto controla o que é feito.
Se a cultura não for intencionalmente influenciada, ela influenciará as pessoas sem que elas percebam. Para conseguir moldar ou transformar a cultura, o passo fundamental é enxergar e entender o que está por trás dos comportamentos e decisões. Ao compreender a cultura com dados, e não com "achismo", é possível gerar impacto real, agindo com mais precisão.
Alinhamento de Discurso, Prática e Estratégia
Para que a cultura seja consistente, intencional e faça sentido, é essencial que três esferas estejam alinhadas:
1. Discurso: O que é declarado pela empresa.
2. Prática: A experiência real e vivida do colaborador, o dia a dia.
3. Estratégia: A aspiração da empresa (o que é aspirado).
A constância no alinhamento dessas três esferas é o que confere intencionalidade à cultura. A metodologia de análise busca justamente comparar o discurso com a prática e a estratégia, enxergando os gaps (lacunas) que podem estar frustrando expectativas e causando conflitos.
A metodologia da Qore é sustentada por uma teoria publicada na Harvard Business Review em 2018, desenvolvida por quatro docentes de Harvard. O grande diferencial dessa teoria é que ela enxerga as empresas como um organismo vivo, que é moldado pelas interações, decisões, e silêncios do dia a dia.
A única constante em um ambiente corporativo é a mudança. Por isso, a cultura não pode ser vista como uma "caixinha hermeticamente fechada".
A teoria é baseada em uma grande matriz formada por dois eixos comportamentais:
• Independência (Esquerda): Pessoas com mais autonomia e liberdade para tomar decisões individualizadas. Isso confere celeridade, mas acarreta maior responsabilidade individual.
• Interdependência (Direita): Pessoas que valorizam a colaboração, coletividade e tomada de decisão por colegiado. Isso pode aumentar o tempo da decisão (morosidade), mas oferece maior riqueza e robustez de ideias.
• Flexibilidade (Cima): Pessoas abertas ao risco, buscando inovação, exploração e o novo. Este polo envolve maior risco, mas também mais inovação.
• Estabilidade (Baixo): Pessoas pautadas por planejamento, processos e normas claras, buscando o status quo. Este polo mitiga o risco, mas oferece menos inovação.
O cruzamento desses dois eixos forma quatro quadrantes que, por sua vez, desdobram-se em oito estilos de cultura:
Quadrante
Exploração e Criatividade - Flexibilidade + Independência - Liberdade para criar e inovar.
Conexão e Relacionamento - Flexibilidade + Interdependência - Coletividade flexível.
Previsibilidade e Organização - Estabilidade + Interdependência - Necessidade de regras e processos claros para um movimento de time.
Hierarquias Sólidas - Estabilidade + Independência - Lideranças fortes, meritocracia, metas bem definidas e foco em resultados.
Estilos Comuns: A Q já realizou diagnósticos em quase todos os estilos, incluindo Propósito (altruísmo/idealismo), Acolhimento (confiança, apoio), Ordem (estrutura, normas), Segurança (precaução, prevenção de risco), Autoridade (força, determinação) e Resultado (mérito, desempenho).
O objetivo da ferramenta Q é transformar o intangível em dados tangíveis e mensuráveis, tornando a cultura um ativo estratégico. Isso é feito através da tangibilização do abstrato.
A captura dos dados utiliza dois vetores principais:
1. Qore Scan: Um assessment inteligente, suportado por IA, que utiliza lógicas avançadas de psicometria e rigor estatístico para garantir a neutralidade dos dados.
2. IA Analítica e Generativa da Qore: Lê e interpreta textos, transcrições ou depoimentos de colaboradores, decodificando o que é declarado e o que é aspirado pela empresa.
Visualização na Matriz
• Pontos Brancos: Representam a percepção individual dos colaboradores, constituindo a cultura real (sentimentos e comportamentos vigentes capturados pelo Q Scan).
• Ponto Gravitacional: É o centro dos clusters mais densos, representando a cultura da empresa na prática (a ordem social que molda o que é incentivado ou rejeitado).
• Pontos Vermelhos: Criados pela IA, analisam materiais declarados publicamente pela empresa (missão, visão, valores, etc.), representando o discurso.
A matriz permite a visualização de recortes específicos (por cargo, área, tempo de casa). A comparação entre os pontos brancos e vermelhos permite identificar o gap entre promessa e realidade.
Indicadores e Suporte
A IA mensura indicadores importantes que suportam as análises, como:
• Sintropia ou Fit: Mede a força de atração e a qualidade da cultura vigente.
• Segurança Psicológica: Mensura o senso de liberdade, justiça, transparência e confiança na empresa e nas lideranças.
• Inovação: Mede a abertura à diversidade de ideias, ao risco e à liberdade para propor soluções.
Para auxiliar na interpretação do diagnóstico, o AI Copilot apoia na resolução de dúvidas sobre a teoria e o diagnóstico, oferecendo ideias práticas e explicações. A ferramenta já alcançou quase 100 diagnósticos super assertivos.